Encalhes de animais no litoral de SP chegam a 650 em uma semana

  • 23/08/2025
(Foto: Reprodução)
Encalhe em massa de pinguins registrado em agosto de 2025 Ayrton Soares O litoral paulista viveu, nos últimos dias, um episódio preocupante para a conservação da fauna marinha. Mais de 350 pinguins-de-magalhães (Spheniscus magellanicus) foram encontrados mortos em diferentes praias da região, em um dos maiores encalhes registrados neste ano. Os dados foram confirmados pelo Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC), responsável pelo monitoramento da área dentro do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS). Segundo o instituto, entre os dias 15 e 21 de agosto foram 651 animais encalhados somente no Trecho 7, que abrange Iguape (SP), Ilha Comprida (SP) e Cananéia (SP). A grande maioria dos registros correspondeu a pinguins mortos, em estágio avançado de decomposição, o que impossibilitou determinar a causa exata das mortes. Apenas duas tartarugas-verdes (Chelonia mydas) e um pinguim-de-magalhães foram encontrados com vida e encaminhados para reabilitação. Temporada de encalhes De acordo com o IPeC, os encalhes de pinguins nessa época do ano não são um fenômeno novo. A temporada normalmente ocorre entre junho e dezembro, com pico de ocorrências em julho e agosto. “No entanto, números elevados de animais em um curto intervalo de tempo são mais raros, mas já ocorreram pontualmente ao longo dos 10 anos em que o IPeC executa o PMP-BS”, explica Guilherme Marins, porta-voz do IPeC. Encalhe em massa de pinguins registrado em agosto de 2025 Ayrton Soares Hipóteses para a mortalidade As causas do encalhe em massa ainda estão em investigação, mas estudos anteriores já apontaram fatores como: Longas distâncias percorridas durante a migração; Dificuldade em encontrar alimento; Presença de parasitas e doenças infecciosas; Interação com atividades pesqueiras. “O número total por ano de pinguins encalhados é bastante variável, mas em comparação a 2024, por exemplo, tivemos um aumento significativo apenas com base nos primeiros meses da temporada 2025”, explica Marins. Segundo ele, olhando para os 10 anos de execução do PMP, não é possível afirmar que o número de encalhes de pinguins cresça ano após ano, já que os dados coletados refletem apenas os animais encontrados nas praias e não a mortalidade total da população. Além disso, os números também dependem das condições oceanográficas que fazem com que as carcaças cheguem ou não até a faixa de areia. Outro ponto preocupante observado pelos técnicos é o crescente quadro de debilidade dos pinguins encontrados vivos, sinal de que a espécie pode estar enfrentando pressões cada vez maiores em seu ciclo de vida. Ações de resgate e conservação O PMP Bacia de Santos possibilita que animais encontrados debilitados recebam atendimento veterinário e sejam reintroduzidos ao habitat natural quando possível. Além disso, os dados obtidos no monitoramento subsidiam políticas e discussões sobre a conservação da espécie. “Não existe uma medida pontual, mas um conjunto de atitudes que pode ajudar a amenizar essa situação. Reduzir o consumo excessivo de recursos naturais, destinar corretamente os resíduos, respeitar o espaço dos animais e evitar a poluição marinha são ações que fazem diferença”, finaliza o porta-voz. Financiado pela Petrobrás como condicionante ambiental, o projeto é licenciado pelo Ibama e tem execução coordenada pela empresa Mineral. O monitoramento das praias é feito pelo Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC). Sentinelas do oceano Vindos da Patagônia argentina e chilena, os pinguins-de-magalhães percorrem milhares de quilômetros em busca de alimento, chegando à costa brasileira durante o inverno. Em sua dieta, estão presentes pequenos peixes, lulas e crustáceos. Os indivíduos têm em média 70 centímetros de altura, podem pesar até 5 quilogramas e são comumente identificados por um colar de penas brancas no pescoço coberto de penas pretas. Diferentemente de outras espécies, eles não gostam do frio. LEIA TAMBÉM 'Encalhe em massa': mais de 350 pinguins-de-magalhães são encontrados mortos no litoral de SP Temporada de pinguins-de-magalhães começa no Litoral Norte de SP O encalhe em massa registrado no litoral de São Paulo evidencia a fragilidade desses animais e a necessidade urgente de reforçar medidas de conservação. Como sentinelas da saúde dos oceanos, os pinguins revelam em seus corpos os impactos das mudanças climáticas, da sobrepesca e da poluição marinha - sinais de alerta que vão muito além das praias do litoral paulista. VÍDEOS: Destaques Terra da Gente Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente

FONTE: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/terra-da-gente/noticia/2025/08/23/encalhes-de-animais-no-litoral-de-sp-chegam-a-650-em-uma-semana.ghtml


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