Venda de sangue de gatos no interior de SP: o que se sabe sobre o caso
07/10/2025
(Foto: Reprodução) Gatos encontrados desacordados em clínica clandestina de coleta de sangue em Monte Alto, SP
Polícia Civil
A Polícia Civil prendeu no último fim de semana três pessoas, entre elas um estudante de veterinária, pela suspeita de realizarem coleta clandestina de sangue de gatos em Monte Alto (SP). As investigações, ainda em curso, indicam que o grupo pagava R$ 50 para quem disponibilizasse os animais para as coletas. Também existe a suspeita de que o material seria direcionado a uma clínica regularizada.
Apesar de uma clínica citada pelos suspeitos alegar que a prática não é ilegal, as autoridades envolvidas informaram que ela ocorria em condições insalubres. Uma das gatas resgatadas, inclusive, foi diagnosticada com o Vírus da Imunodeficiência Felina (FIV - Feline Immunodeficiency Virus em inglês), segundo a prefeitura.
A doença, que ataca o sistema imunológico dos felinos, é equivalente à Aids nos humanos e não tem cura.
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Polícia investiga esquema de venda clandestina de sangue de gato em Monte Alto, SP
A seguir, veja o que se sabe sobre a coleta e a venda de sangue de gatos em Monte Alto:
Como o caso veio à tona?
O esquema de venda clandestina de sangue de gatos em Monte Alto (SP) veio à tona a partir de um anúncio nas redes sociais que ofertava R$ 50 a tutores que desejassem submeter os animais ao procedimento.
A EPTV, afiliada da TV Globo, obteve acesso ao anúncio. O texto, publicado em um status de WhatsApp, dizia o seguinte:
"Oi, meus queridos irmãos e irmãs. Vocês que têm gatos, tem alguém que paga para tirar sangue de gato. Para cada gato, ela está pagando R$ 50. Vocês estão interessados de ganhar dinheiro só me avisar."
A partir desse anúncio, agentes da Guarda Civil Municipal foram a uma residência na Rua Marciano de Vasconcelos Nogueira, local que, segundo o boletim de ocorrência, apresentava condições insalubres e não contava com um médico veterinário.
Eles chegaram ao local depois de entrar em contato com o autor do anúncio nas redes sociais, este que, segundo o boletim de ocorrência, passou o contato de Sandra Regina de Oliveira, suspeita de intermediar o negócio e pessoa que indicou o endereço aonde eles deveriam ir para fazer a coleta.
Coleta clandestina de sangue de animais era feita em casa com condições insalubres em Monte Alto, SP
Polícia Civil
O que foi encontrado na clínica?
No local, os guardas encontraram cinco pessoas, algumas delas manuseando equipamentos de uso veterinário, além de seis gatos desacordados.
Foram apreendidos esses equipamentos, como seringas, além de frascos de sangue. Além disso, os gatos foram resgatados, entre eles um diagnosticado com FIV, considerada a Aids dos felinos e que pode ser transmitida para outros animais da espécie.
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Quem foi preso e por que eles respondem?
Das cinco pessoas levadas à delegacia, três foram presas. O estudante de veterinária Cleiton Fernando Torres, de 37 anos, de Bady Bassit (SP), a aposentada Sandra Regina de Oliveira, de 50 anos, de Monte Alto (SP), e a empregada doméstica Angela Aparecida Alves Ribeiro, de 42 anos, também de Monte Alto.
Anúncio oferecia R$ 50 a tutores por coleta clandestina de sangue de gato em Monte Alto, SP
Reprodução/Redes sociais
Eles foram levados para a Cadeia Pública de Pradópolis (SP), mas apenas Cleiton foi mantido preso após audiência de custódia no domingo (5).
Além deles, também são investigados o operador Everton Leite Silva, de 37 anos, de Bady Bassit, e o autônomo Jose Luiz de Lima, de 63 anos, de São José do Rio Preto (SP).
Todos respondem por praticar ato de abuso a animais, delito previsto na lei de crimes ambientais (Lei 9605/98).
Qual é a linha de investigação da polícia e os próximos passos?
Segundo o delegado Marcelo Lourenço dos Santos, há informações de que o sangue seria direcionado a uma clínica específica, regularizada e localizada em outra cidade. O objetivo dele é identificar outros suspeitos de integrar o esquema criminoso.
"A gente está trabalhando com essa linha investigativa nesse sentido para tentar identificar outras pessoas que participavam desse esquema criminoso", disse.
O que dizem os suspeitos?
Jose, Everton e Cleiton disseram que trabalhavam como freelancers para uma clínica veterinária de São José do Rio Preto (SP), para fornecimento de sangue de gatos.
No boletim de ocorrência, consta que Cleiton relatou que é estudante de veterinária e estaria coordenando os procedimentos, recebendo diária de R$ 300, enquanto Everton e Jose estariam como auxiliares, recebendo R$ 100 cada.
Em nota, a defesa dele disse que o cliente é inocente e que, no caso em apuração, "não existe previsão legal que proíba a existência de bancos de sangue para animais nem que criminalize, por si só, a coleta de sangue de cães e gatos quando realizada com finalidade terapêutica".
Afirmou, ainda, que até o momento não há laudo técnico apontando lesão, morte ou sofrimento específico dos animais.
Angela alegou à polícia que é dona da casa onde estavam sendo realizados os procedimentos e dos gatos que estavam desacordados. Ela afirmou que havia permitido a coleta de sangue dos animais, sob pretexto de estar ajudando outros gatos que necessitariam de doação de sangue. A mulher também ressaltou que não receberia nenhuma quantia financeira para isso.
A versão de Sandra não constava no boletim de ocorrência. A reportagem não conseguiu um posicionamento da defesa dela até a publicação desta notícia.
Em nota, a clínica veterinária Hemoser, de São José do Rio Preto (SP) e que foi citada no boletim de ocorrência, afirmou que o banco de sangue veterinário não é uma prática ilegal e que não causa quaisquer maus-tratos aos animais doadores.
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